4x4 Recife

08 março 2006

Trilhas e Jipeiros

Texto publicado na última edição da Revista Carcará e gentilmente cedido por seus editores e pelo autor, Lopes.

Sempre gostei de praticar esportes que pudesse estar em contato com a natureza. Fazia caminhadas e rapel. Além disso, a paixão por carros, que mantenho desde criança, foram os principais motivos que me levaram a adquirir um veículo 4X4 e ingressar nessa deliciosa modalidade esportiva (ou seria de lazer?) que é fazer trilhas fora-se estrada, onde posso permanecer em contato direto com a natureza, fazer o meu próprio caminho, sentir um gostinho de vitória quando cada obstáculo é superado, e ainda, agitar um pouco a adrenalina.

No início, a pouca (ou nenhuma) experiência e a falta de pneus adequados me renderam alguns sustos e atoladas. Então, entravam em ação o companheirismo e a solidariedade que compõem o verdadeiro espírito jipeiro, de forma que os obstáculos surgidos nas trilhas logo iam sendo superados.

Os mais experientes do grupo sempre dão uma orientaçãozinha aqui, uma dica ali... Não deu? Volta e tenta de novo!... Atolou? Puxa!... Quebrou? Reboca!... Ninguém fica na mão. Quanto mais difíceis os obstáculos, melhor é a trilha. Nessa “brincadeira” passamos o dia inteiro (e, várias vezes, a noite também).

Hoje, pneus lameiros, pá, enxada, cinta para reboque e alguns outros acessórios fazem parte do meu inseparável “kit de sobrevivência” para enfrentar as trilhas.

Um aspecto a ser observado diz respeito ao grande leque de amigos que fazemos na “comunidade jipeira”. Pessoas das mais diversas classes sociais unidas com um único propósito: fugir da rotina, do stress do trabalho, do agito e da poluição das grandes cidades; esquecer, ainda que por alguns momentos, os problemas do cotidiano e aventurar-se numa boa trilha, onde um pneu furado, ao invés de causar irritação, é um bom motivo para o comboio parar e fazer um lanche juntamente com os amigos (sempre aparece alguém oferecendo desde biscoitos e bolos a uma saborosa galinha à cabidela, ou mesmo uma quiabada. É verdade!... tem de tudo). Tem uma ponte quebrada à frente?...sem stress. Ou se tenta passar por dentro do rio, ou procura-se algum jeito de improvisar uma passagem. Árvore caída no caminho?... também não há problema algum. Se não tem como afastá-la, procura-se um novo caminho. Perdeu-se do comboio?...aí, só resta acionar o “faro de jipeiro”, fazer que nem índio e rastrear as “pegadas” deixadas pelos jipes(comigo, pelo menos, já deu certo). O único compromisso é fazer o comboio concluir a trilha, chegar ao destino final, sempre procurando preservar a natureza e curtir o “passeio”. Esqueça também o relógio. Fazer trilha não tem hora certa para terminar.

Lama, pedras, erosões, areais, riachos ou rios são alguns dos vários obstáculos que podem ser vistos como verdadeiros desafios aos jipeiros e às nossas máquinas. Geralmente superáveis, desde que haja um estudo prévio da situação, cautela ao transpor o obstáculo e, principalmente, união do grupo. O que torna tudo mais fácil.
O jipecross (indoor) e o rally de regularidade também são excelentes modalidades de esporte fora-de-estrada, das quais já participei. Mas, nenhuma delas é tão prazerosa quanto fazer uma trilha com quem gosta de fazer trilha. E digo mais, é também contagiante. Só pra se ter uma idéia, na minha família tem até rodízio de “zequinhas” só para me acompanhar nas trilhas. Nesse rodízio estão inclusos adultos e crianças (como por exemplo, meu sogro e minha sobrinha – esta com apenas 9 anos de idade). Até minha esposa também “entrou no clima” e, vez ou outra, também se aventura numa trilha com o seu 4X4. Ocasiões nas quais eu, corajosamente, atuo como co-piloto (brincadeirinha!... – ela dirige melhor que muitos marmanjos que conheço). E digo mais, quando a trilha é fraca, sem muitas dificuldades, a reclamação é geral, inclusive, dos “zequinhas”.

A paixão por fazer trilha é tamanha que já aconteceu, por exemplo, de começar a fazê-la num sábado pela manhã, terminá-la na madrugada do domingo e, ao amanhecer viajar para outra cidade distante somente para participar de outra trilha. E, na segunda-feira, o jipe estará sujo, mas a alma estará lavada (acho que já li esta frase no jipe de um amigo).

Ser jipeiro é muito mais do que simplesmente possuir um jipe ou um veículo 4X4. Fazer trilha é muito mais do que um lazer, um passeio, uma brincadeira ou praticar um esporte de aventura. É também uma terapia. Experimente!


Por Lopes.

3 Comentários:

  • At 9/3/06 11:58 PM, Blogger Marcelo Moura said…

    Hehehe, isso mesmo George. Felipe entrou no atoleiro achando q a roda livre estava ligada, mas enganou-se e quase cai dentro do rio na tentativa de ligar por cima do capô. Mas Sérgio deu um mãozinha como manda o bom e velho companheirismo jipeiro!

     
  • At 1/4/06 12:28 PM, Anonymous Anônimo said…

    Parabéns, Lopes. O texto é muito bom, bem escrito, e ressalta a "filosofia do jipeiro"

    Fred

     
  • At 14/1/10 3:02 PM, Blogger 4x4 off-road clube do Recife said…

    adorei este discurso foi grande, cabsativo mais valeu apena , ficou muito bom

     

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